Spoilers Abaixo.
Moonrise Kingdom não poderia ser mais fofo. O filme
conta a história de amor de Sam e Suzy, dois pré-adolescentes que se conehcem
numa festa da igreja e logo se apaixonam. Ele é um escoteiro que sempre sofreu
bullying, mas nunca ligou muito para isso. Ela é uma menina revolta com os
pais que ama ler. Os dois então ficam trocando cartas na ilha em que vivem. O filme se
passa nos anos 60 e traz no seu elenco adulto Bill Murray, Frances McDormand,
Edward Norton e Bruce Willis; que são o alívio cômico do filme.
Sentido-se deslocados naquele lugar, Sam e Suzy planejam
fugir e assim o fazem, deixando a ilha inteira em pânico com o desaparecimento
das crianças. O Capitão de Polícia Sharp ao ligar para os pais de Sam descobre
que ele é adotado e que eles não o aceitarão mais em casa. Já no lado de Susy,
seu pai parece sofrer de depressão enquanto sua mãe vive frustrada com um amor
do passado.
A busca por Sam e Suzy movimenta desde os escoteiros aos
irmãos trigêmeos da garota para completar o elenco mirim. Ao perceber que os
dois planejaram tudo e só querem ficar juntos, os adultos ficam com raiva e
passam a tratá-los como fugitivos. O que irritou um pouco, pois não tem como
você não torcer para que os dois fiquem juntos e em paz. Sam é um cavalheiro e
Susy se mostra uma menina bastante culta com seus livros roubados da biblioteca
da escola.
A fofura dos dois contagia tanto que ao serem pegos e
separados na metade do filme você não vê mais saída uma vez que o Serviço
Social megaevil vai mandar o nosso heróizinho para tratamento de choque por
conta de um possível distúrbio psicológico que ele deve ter. A nostalgia bate
fundo nesse filme, pois quem um dia não foi mal interpretado pelos adultos
quando criança? Quem não só queria fazer uma coisa simples como brincar e foi
terminantemente proibido pelos pais?
A reviravolta parte do grupo de escoteiros que vão resgatar
o casal e os levam para uma outra ilha onde os dois possam “casar” tudo
ocorreria bem se não fosse uma tempestade e a correria mais uma vez atrás dos “fugitivos”
que se escondem na mesma igreja onde se conheceram. Susy e Sam são uma metáfora
linda de um amor verdadeiro e até que ponto as pessoas estão dispostas a ir
para ficarem com quem amam. Numa das cenas finais onde os dois estão dispostos
a cometer suicídio juntos, pois ninguém os deixa em paz é quando essa
tecla é batida com mais força.
Imprudência das crianças de fugirem desse jeito seria uma
boa desculpa dada por pais que querem ser donos da verdade, mas Moonrrise
Kingdom mostra justamente o contrário: as crianças tem mais delicadeza para
certos assuntos que os próprios pais. Uma prova disso é a cena onde a mãe de
Susy diz que é coisa da idade dela e a filha lhe diz que só quer ser feliz
porque ali naquele contexto de vida ela se sente depressiva.
Wes Anderson dirigiu bem o elenco, o perfeccionismo dos
escoteiros e até dos pais de Suzy mostram bem o por quê dela e o namoradinho
quererem fugir dali. Dá muita agonia a paleta e cores sépia da época e confesso
que me senti muito mais à vontade nas cenas ao ar livre, na floresta. A trilha
é ótima e sem defeitos e o filme ainda conta com a participação de Tilda Swinton,
nossa eterna Feiticeira Branca de Nárnia, coincidência?
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